27 julho 2007

E viva la España....

Finalmente percebi por que é que chamam a esta época do ano (Verão) silly season! Só pode ter a ver com a quantidade de parvoice que aparece por toda a parte, quais ervas daninhas!
Para hoje deixo-vos um exemplo de parvoice crónica.
Saramago, o nosso (será que é mesmo nosso?! Por nosso entenda-se Português...) prémio Nobel da Literatura, veio defender numa entrevista dada ao jornal Diário de Notícias a integração de Portugal como uma província de Espanha. Segundo o nosso caro escritor, e passo a transcrever:
"Portugal deveria tornar-se uma província de Espanha e integrar um país que passaria a chamar-se Ibéria para não ofender «os brios» dos portugueses (...) considera que Portugal, «com dez milhões de habitantes», teria «tudo a ganhar em desenvolvimento» se houvesse uma «integração territorial, administrativa e estrutural» com Espanha. (...)«Já temos a Andaluzia, a Catalunha, o País Basco, a Galiza, Castilla La Mancha e tínhamos Portugal».«Provavelmente [Espanha] teria de mudar de nome e passar a chamar-se Ibéria. Se Espanha ofende os nossos brios, era uma questão a negociar»"
Por onde começar?!
Se calhar relembrando a este senhor a história de Portugal! É certo que antes da chatice entre o Afonsinho e a sua Mãe - D. Teresa, Portugal resumia-se a um cantinho onde o português e aquilo que se entende hoje por cultura e identidade portuguesa simplesmente não existia. No entanto, como é sabido, a identidade portuguesa teve o privilégio de ser criada e desenvolvida ao longo dos séculos e hoje é uma característica indelével do povo (e passo a redundância) português! Por isso, pergunto eu, como é que alguém se atreve a pedir para pôr em causa a identidade de um país com mais de 800 anos em prol do desenvolvimento? Que desenvolvimento pergunto eu? Seria uma boa solução, é certo! Bem simples direi! Para quê lutar pela evolução e desenvolvimento de um país quando temos um aqui ao nosso lado com a papinha já toda feita?!
Provavelmente para o Sr. Saramago a questão da identidade será algo de menor importância. Serão os tempos da globalização...! Haverá quem defenda que os problemas sociais associados ao não acompanhamento do desenvolvimento da União Europeia se sobreponham à questão da identidade, porém, não me parece que passar a província de Espanha seja a solução para os problemas que vivemos!
Senão vejamos o exemplo das províncias espanholas! Será preciso falar no País Basco? Na Galiza? Na Catalunha?... Também me parece que não. Muito me admira que Saramago, a viver há 12 anos em Espanha não se recorde dos brios do povo catalão e basco!
Mas eu queria deixar aqui ao Sr. José Saramago um conselho: Já que tem tanto apego à nação espanhola e tanta falta de brio em ser português, por que é que não muda de nacionalidade?!
Ups, provavelmente Espanha também não achará muita piada a mudar o seu nome para Ibéria e levar com mais 10 milhões de encargos em cima...!
E sim, escrevo isto por que apesar de tudo tenho muito BRIO em ser portuguesa!

10 julho 2007

Ímpares entre pares


Paridade (substantivo feminino) - qualidade de par ou igual; parecença; semelhança; estado de câmbio ao par; equivalência. in http://www.priberam.pt/


Par (adjectivo 2 género) - igual; semelhante(...) in http://www.priberam.pt/



Na Segunda Feira, dia 9, podia ler-se no Jornal Meia Hora (jornal de distribuição gratuita em Lisboa cidade) a manchete: Paridade no novo Executivo da CML. Tal manchete fazia título a um artigo relativo à Lei da Paridade, a ser aplicada pela primeira vez no próximo executivo da Câmara Municipal de Lisboa.


No mesmo artigo, dentro de uma caixa de texto podia ler-se a explicação do que é a Lei da Paridade, que passo a transcrever:

Diploma Lei da Paridade:

- Impõe a presença de pelo menos 33,3% de candidatos de cada género nas listas para as eleições autárquicas, legislativas e europeias.

- Foi aprovado no Parlamento, no ano passado, só pelo PS. BE absteve-se e a restante oposição votou contra.


Ora, não ficando contente com esta pequena explicação resolvi fazer uma rápida incursão pelo mundo googliano e descobri o seguinte link que aqui deixo: http://www.mulheres.ps.pt/data/pdf/proj_lei_paridade.pdf, para quem queira saber mais sobre esta temática!

Como tal, não podia deixar de dizer algo sobre este assunto!

Como não poderia deixar de ser, em primeiro lugar, preocupa-me o uso da palavra Paridade. Ou melhor, o mau uso da dado à palavra paridade! Por uma questão de justiça decidi recorrer ao dicionário onde entre várias definições encontrei a palavra igual. Ora, pensando eu que os 33,3% a que se referem diz respeito a um universo de 100% e a não ser que exista mais do que dois géneros (feminino e masculino) gostava que alguém me explicasse em que parte é que posso encontrar a tal paridade que a lei enuncia! A não ser que se refira ao significado de semelhante, parecido, parece-me que mais uma vez e como sempre, há uns mais iguais que os outros...!

Não me considero feminista mas é triste constatar que num país onde mais de 50% da população é do sexo feminino ainda seja necessário recorrer a leis do género para garantir representantes nos cargos de decisão política! Não tem sequer a ver com o facto que pense que realmente uma mulher seja melhor líder que um homem. Não. Mais do que uma questão de género, é uma questão de carácter, de carisma, de personalidade e de inteligência! No entanto, dada a má prestação masculina nas últimas décadas e a pouca rotatividade de personalidades nos últimos anos apostar em líderes mulheres seria uma escolha no mínimo plausível.

A ideia de obrigar qualquer lista ou partido a ter 50% de representantes do sexo feminino e 50% do género masculino também me pareceria um tanto ou quanto tola, pois mais uma vez, penso que se trata de pessoas e não de géneros. Estou a ser contraditória? Talvez. Mas se nos referirmos à Assembleia de República não sei se seria assim tão absurdo!
Volto a reforçar a ideia de que já que tal lei existe e tem por nome Paridade não deveriamos ser medíocres e contentar-nos com o pouco. Por que não exigir os tais 50%?
Porquê contentarmo-nos com o que me parece soar a esmola, a uma ligeira cedência?

09 julho 2007

Pérolas Musicais V

Não me parecia justo que após 4 edições desta nossa rubrica ainda não tivesse sido prestada uma homenagem a um vulto da música contemporânea brasileira!
Eis quando me lembrei desta Sr.ª Pérola, cuja letra é digna de ser entoada de forma sentida!
Quanto ao videoclip é de salientar a parte das escadas, a lembrar uma prisão... (?)
MINHA GENTE (isto lembra-me qualquer coisa...) AGORA QUERO OUVIR! CANTEM COMIGO!


Baba baba bab beiiiibi, Baba baba bab beiiiibi

Atenção: Inclui pseudo show de striptease!


08 julho 2007

Carta de Desamor

Florença, 1 de Março de 1498

Simonetta,

Desde que te conheci que acordo e adormeço contigo no pensamento. Para mim, eras única. Retratava-te nos meus quadros, fazia de ti Maria, Anjo, Primavera, Vénus... Todas as minhas personagens eram inspiradas em ti, todo eu era tu. Quando fazíamos amor sentia-te minha, desejava que morrêssemos ali mesmo para não ter de te dizer adeus ou até logo, e não saber quando te voltaria a ver. Quando te voltaria a ter. Se me pedisses para parar de pintar e fugir contigo, tê-lo-ia feito, qual Sansão perante sua Dalila. Perderia a minha força criativa, o que me dá sustento, para poder ser teu todos os dias. Mas hoje, e finalmente, deram a este cego novos olhos.
Fui ao Palácio dos Médici falar com o meu mecenas Lorenzo a propósito de um quadro que quer que eu faça para uma nova igreja em Florença. Quando me estava a aproximar da sua sala, Alessandra Urbino, uma das muitas conhecidas e pouco recomendáveis amantes de Giovanni Médici, passou-me um papel para a mão que dizia: “Sala Napoli G+S”. Temi o pior, mas sabia que não ia ficar descansado enquanto não fosse espreitar o que se passava, mesmo que tivesse de deixar o magnifico Lorenzo à espera. A grandiosa porta de madeira escura estava encostada, o que me descansou quanto ao barulho desnecessário que teria de fazer. Quando a abri um pouco, vi tudo. A tua boca na de Giovanni, as tuas mãos nas costas dele, as mãos dele nos teus seios.... como era possível? Como era possível que tu, deusa entre as deusas, a quem eu tinha prometido tudo, estivesses com um homem que só te queria pelo físico, pelo carnal? Que só sentia desejo por ti? Que muito provavelmente na hora seguinte estaria com outra? Estava petrificado. Senti a face molhada. Era o suor do nervosismo e as lágrimas da tristeza. O meu coração batia com toda a força, e mentalmente, chamei-te todos os nomes e mais alguns. Desejei que morresses, que te enforcassem, que te fervessem em óleo em praça pública! Tinha nojo de ti. Nojo. Nunca mais te queria ver, cheirar, tocar. Para mim, foram duas sentenças de morte.
É por isso que te faço chegar esta carta através do mais reles dos mendigos, que já é muito para ti. Para que saibas que já não me prendes, que já não és a minha Dalila nem eu o teu Sansão. Que já não te retrato, que já não me inspiro em ti. Como é possível depois de tudo o que passámos? Como? Vadia! Porca! Miserável! Desejo que todos os meus quadros sejam queimados! Que nenhum fique para contar ao mundo como a tua beleza enfeitiçava os homens bons e maus! Sim, assinaste duas sentenças de morte, a tua e a minha. Porque agora, a minha única dúvida é saber quando voltarei a pegar num pincel...

Sandro Botticelli