11 maio 2007

A Vitória de Sarko

As eleições de França não tiveram grande impacto em Portugal por várias razões: no mesmo dia realizaram-se eleições para o governo regional da Madeira (que apesar de não trazerem nada de novo de noticioso foram as primeiras notícias nos alinhamentos dos telejornais), notícias sobre a crise na Câmara de Lisboa, e o terrível desaparecimento de Madeleine McCann (que há uma semana, e com o detalhe incrível de nunca ter notícias novas, domina o panorama jornalístico português).
Mas, voltando às eleições. Há muito tempo que em França, e no resto dos países civilizados da União Europeia, não se falava de outra coisa. A grande questão era "Ségo ou Sarko?" Como já toda a gente tinha previsto, acabou por ganhar o candidato mais temido, Nicolas Sarkozy. O apelidado "candidato conservador", "candidato da direita" e até mesmo "pequeno ditador". Não sei se viram o debate que passou a horas imprórias e, com muitas partes cortadas, na Sic Noticias e na RTPN... Para quem viu, e mesmo não sendo francês, acho que não ficou com muitas dúvidas em responder a esta questão.
Sarkozy, para além de ser um cavalheiro para uma Madame Royale, que se exaltava por tudo e por nada, foi também o candidato com as respostas e ideias mais concretas e realistas. Não se limitava a ter um discurso populista com a intenção de caçar o voto ao dizer: "Eu vou fazer isto ou aquilo", ou "Comigo vão ter tudo e mais alguma coisa...", ou ainda "Eu serei....", "eu, eu, eu..."; nem o discurso típico de pôr as culpas no outro, dizendo "Porque é que não fez isso quando estava no governo?" ou "A culpa disto estar assim é sua." Sarkozy expunha os problemas e apresentava soluções reais para os resolver. Não se concentrava em si mas nas suas ideias, no seu programa. O que não aconteceu com Ségolène Royale, que se limitava a atacar o seu adversário.
Como mulher, é claro que gostaria de ver Ségolène no Eliseu. Imaginem o que seria Ségolène Royale, Angela Merkel e Hillary Clinton a debaterem os problemas da Europa e do mundo? Uma revolução histórica e apetecível! Contudo, acima destes, deve ser coerente e séria. Caso contrário, não vale a pena.
Em relação a Sarkozy, não sei se ele é o candidato perfeito ou imperfeito. Não conheço a fundo os problemas franceses para me poder pronunciar sobre deles, nem sobre as suas supostas soluções (se bem que a implementação de um estado menos social com vista a fazer acordar os preguiçosos que vivem às suas custas e à dos restantes trabalhadores, me parece sempre bem-vinda). O que posso afirmar é que, no que diz respeito à Europa, a política deste candidato é mais realista. Nomeadamente, em relação à adesão da Turquia. Ségolène era a favor da sua entrada imediata, Sarkozy disse muito claramente que é contra a sua adesão. A posição deste último, por agora, parece-me ser a mais sensata a tomar. Não que eu seja totalmente contra esta adesão, mas é que para mim, nem a Europa nem a Turquia estão devidamente preparadas para ela. A Europa, porque se alargou até ao báltico e já se vê muito aflita para dar resposta a tantos países que entraram ao mesmo tempo na União, e a Turquia porque continua com muitas questões internas por resolver, como é o caso das manifestações religiosas que têm invadido os telejornais (sérios), e dos ataques suicidas de que frequentemente é alvo. Na minha opinião, esta adesão mais tarde ou mais cedo irá concretizar-se (e é positivo que assim seja, embora deva dizer que não me identifico minimamente com os turcos, nem com a sua ideologia ou mentalidade), mas convém que seja mais tarde, que se dê tempo ao tempo para não se apressar um processo que se quer o mais transparente e pacífico possível.
Em relação às críticas que têm feito ao nosso amigo "Nicolau", acho que são precipitadas e desajustadas. Conhecemos o seu trabalho como Ministro Interno, e o único mal maior que lhe temos a apontar foi o facto de ter chamado "escumalha" àqueles que incendiaram carros e espalharam o terror nos arredores de Paris. Se ele os tivesse chamado de "defensores do povo" é que eu tinha ficado preocupada... Além disso, não há nenhum ministro no mundo que de vez em quando não mande uma "bacurada" para animar as hostes de quem o ouve. (Veja-se o caso do nosso ministro Manuel Pinho que há uns meses atrás não fazia outra coisa...) Mesmo Ségolène, que já tendo ocupado vários cargos públicos, incluindo Ministra do Ambiente, só agora é que consegue pôr o seu nome na berlinda.
Por isso, antes de criticar devemos ver o que o novo Presidente da França vai fazer do seu mandato. Não sabemos que tipo de presidente será. Diferente, seguramente, mas como? Pode ser o melhor de sempre, ou o pior de sempre... Pode até nem ser nada de especial...É esperar para ver. Uma coisa é certa, a sua vitória foi a esperada, e apesar disso, muitos grupos de extrema-esquerda não a aceitaram e fizeram questão de mostrar isso da pior forma. E ainda dizem que ele é que é ditador e fundamentalista.... haja pachorra!

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