26 abril 2007

Diferenças entre Iguais

Para mim, a maior mudança que o 25 de Abril trouxe (para além da liberdade de expressão, é claro), foi a liberdade das mulheres. Só de pensar que esta liberdade chegou 10 anos antes de eu nascer é um pouco assustador. Mas chegou.
Na era dos nossos pais e avós as mulheres não viviam, existiam. Numa primeira fase, eram obrigadas a obedecer ao pai, numa segunda ao marido, e se por acaso ficassem viuvas, na terceira fase da vida, ao filho mais velho. Ou seja, as mulheres nunca podiam escolher nada por si. A sua utilidade era ter filhos e cuidar da casa, para além de terem a obrigação de estarem sempre lindas e perfeitas para os maridos, que muito frequentemente, e sem que a sociedade os condenasse por isso, passavam as noites no bordel da cidade. Também não podiam sair do país, trabalhar, ter conta no banco e/ou assinar qualquer documento sem a respectiva autorização do chefe de familia. Votar, nem com a autorização do Estado. Imaginem o que devia ser a família chegar ao aeroporto para apanhar o avião com destino a um lugar paradisiaco, e no balcão do chek-in estar alguém a pedir o papel da autorização da mulher com o símbolo do notário. Humilhante!
Muitas destas mulheres tinham amantes, gostavam de outros homens, e por vezes, chegavam a ter filhos ilegitimos, cuja verdadeira identidade nunca ninguém chegava a saber. Não as julgo, com aquele tipo de vida provavelmente eu também teria feito o mesmo. Vidas de escravatura, sem opinião, sem conteúdo, sem objectivos. É por tudo isto que acho que o maior ganho desta evolução de 33 anos foi a emancipação das mulheres. Parece que estamos finalmente a passar de "coisas" a "pessoas". Alguém com algo a dizer, alguém competente no trabalho, alguém que pode mudar os rumos.
Não sou ingénua ao ponto de achar que mulheres e homens são completamente iguais. Sou a primeira a dizer que não são. Todos sabemos que os homens têm uma estrutura física mais poderosa do que as mulheres, que têm mais força, que são menos complicados e, na minha opinião, que conduzem melhor. Também sempre se disse que eles têm mais jeito para os números e elas para as letras, mas aqui já estamos num campo mais relativo... o que não quer dizer que não seja verdade.
Enfim, temos diferenças e parece-me que em vez de ser um motivo para oprimir, forçar e opor, é um motivo para celebrar! São estas diferenças que nos completam, que dão rumo à nossa vida, e que, porque não dizê-lo?, nos atraem. Somos apenas seres pensantes com necessidades diferentes.
Fico feliz que o 25 de Abril tenha aberto caminho para que as mulheres tivessem um papel mais preponderante na nossa sociedade e que finalmente tivessem saído da toca e mostrado a todos que têm necessidades para satisfazer, trabalho para fazer, e opiniões para expressar. Igual aos homens.

Sem comentários: